Bem, nem sei bem por onde começar, já que existe tanto para dizer e não queria ocupar o teu tempo com futilidades. Não, mas não são futilidades, mas sim violência, e mortes, passadas, em loop, um sem número de vezes, de forma ininterrupta, como de um filme de Hollywood se tratasse. Sim, sim, estou a falar da televisão que tão bem conheces, e a qual já teve tantas horas, por certo, sintonizada na tua casa. Essa mesma.
Passou, quase uma semana, desde mais um ataque bárbaro contra a liberdade de um povo, e repare-se já não existe “Je suis Charlie”. Porque será? Ficará para outro dia. Um ataque que podia ser em qualquer parte do mundo, porque, hoje já nada é seguro. Foi na Nova Zelândia, um país amigo, um país que não tem medo de dizer: eu aceito as diferenças e as virtudes das várias culturas que compõem o mesmo. Um país, multicultural que recebe todos de igual para igual.
Voltando ao tema: Podemos nós, enquanto cidadãos, rejeitar liminarmente as linhas de orientação de um órgão de comunicação social? Podemos e devemos fazê-lo! Não é possível, compactuar, com linhas editoriais sanguinárias que norteiam alguns OCS. Não podemos dar cobertura a tais atos, e dar cobertura é fazer exatamente aquilo que alguns fizeram no passado dia 15 de março, com o “terror em direto”.
Vamos fazer melhor que estes supostos órgãos de comunicação social? Estou a contar contigo!
O que fazer a uma situação que, Continente para Continente, Região para Região, continua a matar à fome dezenas, centenas, milhares, milhões de pessoas?!
O que fazer a uma questão à qual os extremos mais hediondos da sociedade se agarram como carraças, e juram a pés juntos que os migrantes, esses, são o principal problema do primeiro mundo?!
O que fazer aos países destas mesmas gentes, sim esses, que completamente destruídos estão, desprovidos de tudo o que hoje é, o mais essencial numa sociedade, como água ou eletricidade, e até mesmo a Internet. Locais onde não existem escolas, um instrumento sine qua non para a democracia, e liberdade de expressão dos povos ?!
O que fazer a regimes totalitários, de onde vêm a esmagadora maioria dos migrantes, e que completamente desfasados estão, do avanço mundial em novas oportunidades da elevação do ser humano enquanto sujeito contribuidor para esta aldeia global, e onde nesse mundo novo, existe a tão aguardada liberdade. Liberdade de, como eu o estou a fazer aqui agora, de dizer o que penso sobre qualquer e determinado assunto, sem medo, sem receio de que esta minha ação coloque em causa a minha segurança ou a daqueles que me são próximos?!
É este o panorama do mundo! Julgava que após 2 Guerras Mundial, e outras tantas regionais, bem como a Guerra Fria, tivéssemos bem patente que existem loucos à procura de fazer o mundo arder, simplesmente pelo prazer de o fazer. Assim, continuaremos a ter, infelizmente refugiados, os quais devemos proteger, ajudar, orientar. No fim de contas somos subscritores da Carta Universal dos Direitos Humanos, e se isso não vale de alguma forma, o que valerá? É nosso dever ajudar, mesmo que a situação de Portugal, não seja a melhor, para muitos, mesmo muitos cidadãos nacionais. Temos o direito e o dever de ajudar, quem nos procura e quem não nos procura! Isso é ser Português!
Porque continuamos a ter Bolsonaros, Trumps, Salvinis , Dutertes. Se não estivermos atentos, teremos qualquer dia, uma coisa equiparada neste pequeno país, mas grande em história e em saber fazer. Portanto, agarrem-se à história e ao prestígio deste grande país, que outrora já foi de facto dono e senhor dos mares deste mundo, e não deixem que isso aconteça! Porque todos somos poucos, para o enorme desafio que a sociedade mundial tem pela frente! Mas juntos somos mais fortes!
Há, sem dúvida, algo a fazer! Será que o dispositivo de proteção civil é suficiente? Será que as Câmaras estão a fazer o seu trabalho? Será que a população devia fazer mais na defesa dos seus bens e da sua própria vida?
Tantos “ses” para um flagelo nacional, muito importante para ser esquecido quando chega o fim do Verão.
Ano após ano, há um ciclo de repetição sem fim. Chega o fim do Verão e a preocupação é o regresso às aulas, depois é o São Martinho, logo depois seguido pela época de falsas esperanças (sim, o Natal, onde há cada vez mais pessoas que tem tão pouco), depois temos o ano novo e as suas respetivas ignóbeis resoluções, depois temos o frio e chuva que tarda em passar, depois o Carnaval, depois a Páscoa, depois os primeiros raios de sol e as idas à praia. Sim, e no fim, os incêndios! Sim, passa-se um ano quase inteiro a pensar em tudo menos na prevenção dos incêndios, nas necessidades dos bombeiros (que são mais que muitas). Sim, os bombeiros. Aqueles homens de vermelho, que fazem o que podem, na nossa defesa e segurança. Sim, a segurança que pomos em risco quando de forma negligente não limpamos as faixas de combustível fino à volta das nossas casas.
Apontamos os dedos, aos bombeiros, à proteção civil, quanto à inexistência do apoio de meios aéreos. Para quê? Temos conhecimento técnico suficiente, para que de forma totalmente irresponsável dizer, que faltam meios aéreos no combate às chamas, quando são os próprios pilotos que afirmam que em certos momentos é totalmente impraticável o combate direto por parte de helicópteros ou aviões devido a tetos de fumo e outras condicionantes.
Depois temos na classe jornalística portuguesa, exemplos do deplorável show-off televisivo, que, numa estratégia de pânico generalizado, partem para acusações, notícias falaciosas, peças jornalísticas que envergonham qualquer um de nós. Já era tempo de rever essas linhas editoriais. Não vale tudo!
Fala-se, por estes dias da Força Áerea, que devia combater, com os meios que não tem (sim, os C-130, não estão capazes para responder a esse desafio), os incêndios florestais. Mas isso resolve o problema que temos, que é a nossa desorganizada floresta?
Sim, a nossa gestão florestal deixa algo a desejar! Nas estradas não temos faixas de segurança e temos arvores à beira da estrada, não temos aceiros suficientes (aqueles caminhos por dentro da floresta), não temos vigilância estruturada e capaz em todo o território nacional, já não temos guardas florestais,… Não temos nada e no entanto continuamos a apontar o dedo! Somos ótimos a fazer isso!
Nem mesmo o mais capaz dispositivo, leia-se milhares de bombeiros voluntários pagos a menos de 2€ à hora, é capaz de reagir a mais de 150 ocorrências em todo o país. É humanamente impossível!
Pede-se a demissão, a cabeça, deste e daquele responsável, só porque temos que encontrar a quem apontar o dedo, quando na verdade, os culpados disto somos todos nós, sem exceção.
Há tanto mais a dizer! Para o ano, novamente: O MESMO DE SEMPRE!