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MMnotes

Uns escritos

Liberdade mas só para alguns

por Marco, em 30.05.20

Passa pouco tempo da irritação de Donald Trump, irritação que precede as eleições neste final de ano. O detentor do selo presidencial americano acha correto expor no seu perfil pessoal, ideias completamente defasadas da realidade, e usar os demais da Casa Branca para perpetuar disparates atrás de disparates, até mesmo ameaçar, veja-se, uma rede social devido ao controlo apertado que essa mesma rede, agora faz, contra as fake news, muitas vezes vazadas pelo ocupante do edifício situado no 1600 Pennsylvania Avenue NW. Mas, antes fosse uma pessoa disparatada, desajeitada até, mas não é, porque acha perfeitamente normal que as manifestações de condenação pelo assassinato de George Floyd devem ser reprimidas, e ser for preciso, o uso de armamento letal é considerado totalmente proporcional.

 

Da mesma forma que os confrontos, durante um largo período de tempo, se sucederam em Hong Kong devido às políticas de incrementação da influência de Beijing na autonomia da região, nos Estados Unidos, sucede precisamente o contrário, com controlo 0 do armamento, da política um homem - uma arma, e do racismo bem enraizado na sociedade, e neste caso em muitas polícias do país.

Não vamos generalizar, porque não é o caminho para perceber o que se passa, o que passou e o que irá passar no que ao racismo e à intolerância diz respeito, porque é um tema demasiado abrangente para ser confundido com polícias, os seus deveres e os seus direitos.

Mas, não podemos deixar passar que foi morto um cidadão de plenos direitos e deveres, com uso desproporcional da força que é legalmente usada pelas polícias. Um uso de força que não foi medido, que apenas quis humilhar um homem, algemado, completamente controlado, e pronto para ser conduzido ao Departamento de Polícia e posteriormente a Tribunal, onde poderia, tendo o direito e dever a isso, de defender-se, ainda torna mais inacreditável o que vimos, todos, pelas redes sociais.

Aqui, juntando aquilo que o presidente americano escreveu, ainda torna mais inacreditável e absurdo tudo isto. Como é possível que após a morte de um cidadão americano, de plenos direitos e deveres, reconhecidos pela Constituição Americana, a mesma que Trump jurou cumprir e defender, tenha a sua memória, o seu nome, a sua história de vida conspurcada por ideias de chacina, a todosos que se manifestam contra a inação de uma sociedade, de uma democracia, de um presidente.

Será uma democracia? Veremos. A verdade é que morreu um homem que naquele momento estava a lutar para viver.

 

Violência doméstica?! Hoje?! Nesta sociedade?!

por Marco, em 18.02.19

Confesso que este é, sem dúvida, o artigo que mais nojo me dá, escrever enquanto blogger e cidadão. Não posso, nem nunca compactuarei com visões como aquela escrita num acórdão judicial de um Tribunal Superior, onde de uma forma leviana se levantam questões completamente desajustadas face à violência de atos cometidos contra a vítima, mulher. Questões que foram enquadradas com referências à bíblia e ao antigo código Penal. Questões que por serem demasiado anormais face à sociedade que temos aos dias de hoje, não servem para publicação neste artigo.

 

Se já aqui, parece estranho o facto de um órgão de soberania, diminuir o relevante papel da mulher na sociedade, tentando colocar a mesma perante uma figura que se pressupõe ser a autoridade suprema, não mais estranho é, continuarem a ser colocados em liberdade (ou como quiserem, em Termo de Identidade e Residência), suspeitos da prática de crimes de violência doméstica e outros similares no contexto da agressão pura e gratuita.

 

Assim, 2019, já vai em 11 mulheres, barbaramente, assassinadas. Segundo o DN, de hoje, dia 18 de fevereiro de 2019:

  • 5 de janeiro — Lúcia Rodrigues, de 48 anos, é morta a tiro pelo marido, na sua casa, em Lagoa, no Algarve. O homicida suicidou-se.
  • 7 de janeiro — Uma mulher de 46 anos foi espancada até à morte pelo cunhado, na ilha Terceira, Açores. Em causa uma disputa sobre uma casa que pertencia à mãe do homicida.
  • 11 de janeiro — Duas irmãs, de 80 e 83 anos, foram mortas a tiro, em Alandroal (Évora). Foram assassinadas na sua própria casa. O autor dos crimes — o marido de uma das mulheres, tentou suicidar-se. Encontrado com vida, acabou por morrer no hospital.
  • 11 de janeiro — Vera Silva foi morta em casa, em Almada. Foi espancada pelo ex-companheiro e o seu corpo ficou quase irreconhecível,
  • 17 de janeiro — Fernanda, de 71 anos, foi morta a tiro de caçadeira pelo marido. O homicídio aconteceu na casa do casal, onde viviam há 40 anos.
  • 27 de janeiro — Uma mulher de 48 anos foi espancada e degolada e depois abandonada na sua habitação. O crime aconteceu em Santarém.
  • 31 de janeiro — Uma mulher de 25 anos foi morta à facada pelo namorado, bombeiro de profissão. Foi em Moimenta da Beira. Quem encontrou o corpo foi o filho da vítima, uma criança de apenas cinco anos.
  • 4 de fevereiro — Helena Cabrita, de 60 anos, foi morta pelo ex-genro, Pedro Henriques, na sua casa. Foi esfaqueada. No mesmo dia, o homicida matou a filha, de dois anos, por asfixia, na via pública. O assassino cometeu suicídio.
  • 17 de fevereiro — Uma mulher de 53 anos, da Chamusca (Santarém) foi morta com dois tiros de caçadeira pelo ex-companheiro, de 62 anos. O crime aconteceu na Golegã. O suspeito disparou ainda sobre um homem que acompanhava a mulher naquele momento.

 

Urge fazer algo! E não vamos lá com meias-palavras, como de resto, todos fazem. Costuma-se dizer que Portugal tem leis para tudo, no entanto, continuamos impávidos e serenos com crueldades como esta de hoje, como as de "ontem", como aquelas que amanhã serão realidade.

 

Hoje, iremos dormir na nossa cama, algo que a Ana, a Helena, a Vera, a Lúcia, e tantas mais já não o vão fazer.

Por Marco Maia, 18/02/2019

 

 

O "Zé Nervosismo"

por Marco, em 23.11.18

Primeiro que tudo: Nervosismo -  "(ner.vo.sis.mo); (nərvuˈziʒmu), expressão que caracteriza o sujeito, pelo seu excesso de inquietação, irritabilidade e tensãoperturbação do sistema nervoso;grande agitaçãoenergia excessiva." (Adaptado de Infopédia.)

Segundo: todos temos um pouco deste "mal" que não tem de ser encarado como um bicho-de-sete-cabeças. Não! Deve ser interpretado como um sinal do corpo humano, uma resposta a algo (um "trigger", que desencadeia um tipo de resposta que tanto pode ser física como não-física), que nos acontece em determinado momento.

O nervosismo, no entanto, têm várias manifestações que podem ser entendidas como nefastas à nossa vida social. Essas manifestações podem ocorrer sob diversas formas, como roer as unhas, um exemplo bem conhecido. Mas, quantos de nós, já ficámos inquietos, tensos e até levemente irritados quando esperamos para entrar numa qualquer prova de avaliação?! Sim, é isso que estás a pensar. Ficaste inquieto, tenso e até levemente irritado. E sim, é absolutamente normal e até saudável, o que não o é, quando implica colocar em causa a realização dessa prova.

Num outro exemplo, quantos de nós já ficámos inquietos num encontro com alguém?! Sim, é verdade e não tem de cair o "carmo e a trindade". Novamente, é absolutamente normal.

O que quero dizer com tudo isto, e é até um simples texto ao contrário dos enormes, mas necessários manuais de Psicologia, é que o nervosismo faz parte do ser humano e deve ser encarado como uma característica intrínseca a este. Não deve ser sobrevalorizado nem tão pouco subvalorizado, deve ter a importância que lhe atribuímos, de acordo com a situação em que nos encontramos.

By Marco A. Maia - 23/11/2018

P.S.: O texto escrito não reflete nenhuma opinião médica, nem deve ser levado com esse contexto. É apenas um texto de opinião pessoal do autor